terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Treliça

Todo o ar daquela sala parecia vir daquela única e solitária janela "treliçada". O ambiente escuro repleto de paredes pretas e descascadas trazia em cada canto uma marca silenciosa do tão amaldiçoado prazer que não ousa dizer o nome.
A iluminação fraca era significativa somente por trazer um pouco de verdade num lugar opressivamente ofegante, reflexo talvez dos muitos gozos e prazeres liberados ali...
E a janela, continuava a trazer talvez algum tipo de alívio e frescor de liberdade, tal qual as grades de uma jaula de animais selvagens ou de brutalizados e bestializados seres humanos.
Olhares sem vida... Cheios de calor e ânsia vasculham cada reentrância onde houvesse possibilidade de realizar fantasias, saciar desejos.
Uma coluna negra criava um canto onde era possível antever um palco de voyeurismo improvisado.
O silêncio era total, mas chegava a tomar forma e consciência.
Ali perdido pude entregar-me à felicidade de olhar indiscriminadamente e sem medo, pois o território também era meu.

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